Quem passa pela praça Melo Viana, no centro de Sabará, não deixa de observar as obras de reforma e ampliação do prédio histórico da Escola Estadual Paula Rocha. O desejo da população sabarense, que apresentou a demanda no Fórum Regional Metropolitano, é ver novamente as salas de aulas cheias de crianças e adolescentes em busca de conhecimento.

Esta obra entusiasma e mexe com as lembranças de ex-alunos da escola, como Maria da Conceição da Silva, que do alto de seus 93 anos diz ter ficado muito triste quando viu a escola fechada. No final de 2012, a escola foi interditada, devido às condições precárias do prédio, e os alunos iniciaram o ano letivo de 2013 nas escolas estaduais Castelo Branco e Professor Zoroastro Viana Passos, onde as turmas permanecem desde então.

No entanto, as esperanças da ex-aluna renovaram quando as obras foram iniciadas em julho de 2017, com investimento previsto de R$ 4,5 milhões e prazo de execução de dos anos e meio. Por se tratar de um prédio inserido no centro histórico de Sabará, os trabalhos são executados seguindo critérios técnicos recomendados pelos órgãos de preservação do patrimônio histórico federal e municipal. Já foram realizados de demolição do reboco da parte interna dos dois pavimentos, execução de chapisco e instalação de eletrodutos. Paralelamente, ocorre a demolição do forro com recuperação das partes aproveitáveis da estrutura do telhado, bem como limpeza e impermeabilização das telhas.

O escopo do projeto prevê a restauração total do prédio principal e construção de um anexo com área de 362,00 m², rampas cobertas e descobertas, instalação de plataforma de deslocamento vertical para acessibilidade, instalação de sistema de combate e prevenção de incêndio, sistema de proteção contra descargas atmosféricas, novas instalações hidráulicas e elétricas.  Após a conclusão das obras, a Escola Estadual Paula Rocha funcionará com treze salas de aulas e capacidade instalada para 400 alunos por turno. No anexo, serão instalados a cozinha, despensa, biblioteca, pátio de recreio coberto, vestiários e banheiros.

A Escola Estadual Paula Rocha tem uma presença marcante na vida da ex-aluna Maria da Conceição da Silva, que recorda claramente do seu ingresso no curso primário (denominação da primeira fase do ensino fundamental no início da década de 30) com sete anos de idade e do seu processo de alfabetização. Na época, segundo ela, não tinha educação infantil na rede pública. “A gente aprendia primeiro o abc, depois a formar sílabas e depois a fazer contas. Tudo de cabeça (referência à inexistência de calculadoras e outros equipamentos eletrônicos portáteis). Saía de lá sabendo muita coisa”. Além dos folguedos de criança, como as brincadeiras de roda no pátio, o andar na enxurrada descalço a caminho da escola, ela se lembra das aulas de piano e do entoar diário do Hino Nacional antes do início das aulas.

A rede pública de ensino no município de Sabará, nos idos dos anos 30, oferecia apenas o primário. O sonho de Maria da Conceição da Silva ao concluir o curso era casar, ver seus filhos estudarem no Paula Rocha e as filhas serem professoras. Hoje, ela pode se orgulhar do sonho realizado, pois sua filha Maria de Fátima Silva, 62 anos, foi aluna, professora e supervisora da Escola Estadual Paula Rocha e a neta, Amanda Duarte Silva,24 anos, que também estudou por um curto período na mesma escola e a considera um patrimônio cultural e educacional da cidade.

A Escola Estadual Paula Rocha, fundada no dia 4 de julho de 1907, recebeu inicialmente a denominação de Grupo Escolar de Sabará. Foi o terceiro grupo a ser criado em Minas Gerais, no Governo João Pinheiro. Em 1911, passou a chamar Grupo Escolar Paula Rocha, homenagem a Séptimo de Paula Rocha, professor em escolas de Sabará e fiscal do governo federal, além de presidente da Câmara Municipal entre 1910 a 1913.

Fotos: Mércia Lemos